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Correr na Gravidez.

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Correr na Gravidez.

DÊNIS QUADROS

A verdade é que no que diz respeito ao exercício físico na gravidez, não há verdades absolutas!

Infelizmente, ainda nenhum “padrão” de exercícios foi propriamente desenvolvido para gestantes, mas sabemos entretanto que alguns trabalhos domésticos são extremamente mais exigentes do que algumas práticas físicas.

Isto porque, quando falamos de gestantes e exercício físico, temos que ter a ideia clara de que nem sempre é fácil “testar” e perceber claramente o que ocorre durante o período gestacional, pois nem médicos, nem investigadores, nem mesmo as próprias gestantes querem correr qualquer tipo de risco.

No entanto, gostaríamos de deixar claro que todos os estudos apontam numa mesma direção:

O exercício físico regular é de fundamental importância para a saúde da mulher em todas as idades ou situações, mesmo quando grávidas e após o parto desde que devidamente orientada e controlada.

Para as gestantes várias são as vantagens em se manter a prática do exercício físico entre estas podemos destacar a melhora na auto-estima, no humor, como parte do tratamento do diabetes gestacional, menor tempo de hospitalização, menor tempo do trabalho de parto, menor ganho de peso, menor desconforto físico relativamente a postura entre outros.

No entanto existem algumas contra-indicações absolutas e relativas que devem ser avaliadas com cuidado de acordo com cada caso dentre estas podemos listar:

contra-indicações absolutas contra-indicações relativas
  • Cardiopatia com repercussão hemodinâmica grave
  • Doença pulmonar restritiva
  • Insuficiência cardíaca congestiva
  • Gestação múltipla com risco de trabalho de parto prematuro
  • Sangramento uterino
  • Placenta prévia após 26 semanas de gestação
  • Trabalho de parto prematuro
  • Hipertensão induzida pela gravidez
  • Anemia severa
  • Arritimia cardíaca não avaliada
  • Asma
  • Diabetes pré-gestacional mal controlada
  • Obesidade mórbida
  • Muito baixo peso materno (IMC <12)
  • Estilo de vida extremamente sedentário
  • Limitações ortopédicas
  • Hipertensão mal controlada
  • Restrição de crescimento intra-uterino
  • Epilepsia mal controlada
  • Hipertireoidismo mal controlado
  • Tabagismo

Relativamente à corrida esta faz parte da lista dos exercícios mais seguros para a mulher grávida.1

Cheryl Kruse Shwe, 34 anos, correu entre 25 a 35km por semana, em São Francisco, até o dia em que teve o seu bebé.

Paula Radecllife, detentora do recorde de maratona feminina em Londres 2003, correu ao longo das suas duas gestações, e quando a sua filha Isla nasceu em 2007, Paula correu até ao dia anterior ao parto, 12 dias depois retomou os treinos e dez meses após o parto, venceu a maratona de Nova York.

Estes são alguns exemplos de que é possível, no entanto alertamos para o facto de estarmos a falar de pessoas em que o correr faz parte integrante dos seus hábitos de vida, e no caso de atletas, feito ainda com um alto nível de intensidade.

Em se tratando do controlo das cargas, ainda mais sobre o ponto de vista cardiorespiratório é importante reconhecer algumas adaptações que ocorrem durante o período gestacional.

Das alterações no sistema respiratório destacamos o decréscimo da capacidade residual e funcional devido ao aumento do consumo de oxigénio e a dificuldade de contracção do diafragma pela compressão do útero, ocorrendo com isso uma diminuição na disponibilidade de oxigénio para o consumo durante o exercício aeróbio.

Do ponto de vista cardiológico durante a gestação ocorrem profundas alterações, entre estas destacamos que há um aumento do volume sanguíneo, aumento de frequência cardíaca (FC), do volume sistólico e do débito cardíaco (DC) entre outras. A explicação para o aumento da FC neste caso deve-se à diminuição do tónus vagal ou ainda, aumento do estímulo simpático.

Todas estas alterações devem ser consideradas na realização do exercício cardiovascular.

Entretanto alguns estudos científico mostram algumas divergências há cerca das respostas a nível da FC em gestantes, sendo visto tanto uma resposta normal quanto que uma resposta aumentada para exercícios submáximos.2,3 Como esta variação de resposta da FC está também relacionada ao prévio condicionamento, nem sempre a monitorização da FC mostra boa relação com a intensidade do exercício, podendo não ser uma boa referência para a sua prescrição, portanto o concelho é não ser usada de forma isolada.

Todas estas alterações fisiológicas devem ser consideradas na realização do exercício físico neste sentido é de destacar que o monitoramento constante e a individualização dos programas devem ser devidamente acompanhado por um profissional de educação física e por uma equipa de saúde multidisciplinar.

Quanto a prática da corrida também é importante manter-se muito bem hidratada, evitar temperaturas elevadas parra assim aumentar a dissipação da produção de calor da mãe provocada pelo exercício e observar as condições do terreno devendo este não ser muito acidentado devido aos possíveis desequilíbrios e quedas.

Ainda sim, se por norma, a corrida não faz parte da sua actividade desportiva de uma forma regular, não é aconselhado iniciar um programa de corrida nesta fase, mas devem sim começar com uma prática de 15 minutos de exercícios contínuos três vezes por semana, aumentando gradativamente para sessões de 30 minutos quatro vezes por semana.

 REFERÊNCIAS

1 Hanlon (1999).

2 Finkelsein I., Bgeginski R., Figueiredo P. A. P., Alberton C. L., Stein R., Kruel L. F. M. Comparação das respostas pressóricas e do consumo de oxigénio de gestantes e não gestantes, em exercício contínuo e progressivo, nos meios terra e água. Rev. bras. Med. 2009; 66(6):174-177.

3 Fonseca C. C., Rocha L. A. Gestação e Atividade Física: Manutenção do programa de exercícios durante a gravidez. Rev. bras. Cien. e Mov. 2012;20(1):111-121.

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