Segundo algumas versões, o treino com estímulos vibratórios foi explorado de forma mais consistente pelos russos, que usaram este tipo de estímulo com a finalidade de minimizar os efeitos deletérios que a ausência de gravidade produz nos ossos e músculos dos astronautas. Em tempos mais recentes, as plataformas vibratórias tornaram-se populares, com a proposta de promover ganhos de força e massa muscular, e chegaram a virar uma febre em alguns lugares do Mundo.
No entanto, é preciso ter cautela em alguns pontos, para que não se superestime o potencial das plataformas vibratórias, pois são várias as limitações metodológicas nos estudos que buscam comprovar os efeitos deste tipo de treino, desde estudos que apontam ganhos de força e potência em pessoas não treinadas, quando estas estão mais vulneráveis a qualquer tipo de stress (Wilcock et al., 2009).
Deve-se ter em mente que nem todo tipo de vibração tem o mesmo efeito. É importante avaliar o sentido da vibração, bem como sua frequência e a sua intensidade. Ainda sim o tempo de exposição é um aspecto importante em termos de segurança, pois as vibrações têm a finalidade de aumentar a actividade em músculos e exercícios específicos, portanto, o praticante só deverá ficar exposto à vibração durante o tempo e momento necessários. Aqui cabe ressaltar que a exposição exagerada à vibração pode ter efeitos deletérios no organismo, conforme sugerido em estudos com trabalhadores submetidos à vibração em suas actividades laborais (Bovenzi et al., 2005).
Além dessas questões metodológicas, quem deseja iniciar um programa de exercícios envolvendo estímulos vibratórios deve ter cautela especial na escolha do equipamento e vale ressaltar que um grave problema com relação aos equipamentos é o controle de qualidade, pois não há um sistema reconhecido para validá-los.
Concluindo, o treino em plataformas vibratórias parece produzir efeitos positivos no sistema neuromuscular, mas aparentemente os resultados não são superiores aos produzidos pelo treino tradicional.
Dessa forma, este tipo de treino deve ser visto como uma variação e não como uma solução definitiva nem como uma substituição ao treino tradicional. Nesse sentido, uma característica interessante do treino vibratório é que ele usa cargas relativamente baixas em comparação com o treino convencional. Portanto, ele pode ser usado como em situações durante as quais se deseja produzir um estímulo neuromuscular elevado sem sobrecarregar as estruturas ósseas e articulares, como nos períodos de reabilitação ou lesões.
Mas mesmo nesse caso a questão deve ser analisada com cautela, pois a aceleração produzida também poderá gerar uma sobrecarga adicional nessas estruturas, o que deve ser levado em conta. Por fim, como qualquer sistema de treino, é importante se tenha as variáveis adequadamente controladas, seja prescrito por um profissional competente e realizado em equipamentos adequados, para garantir os resultados e preservar a saúde dos praticantes.
Referências
Bovenzi M. Health effects of mechanical vibration. G Ital Med Lav Ergon. 2005 Jan-Mar;27(1):58-64
Wilcock IM, Whatman C, Harris N, Keogh JW. Vibration training: could it enhance the strength, power, or speed of athletes? J Strength Cond Res. 2009 Mar;23(2):593-603
AGO