Não me parece que as grandes mudanças nos nossos planos alimentares, nos nossos comportamentos, no nosso estilo de vida resultem a longo prazo. Meu conhecimento geral sobre dietas e alimentação é limitado, no entanto, não é preciso passar por situações drásticas para reparar que as mudanças custam e que mais difícil que mudar é manter a mudança. Por isso o que acredito e defendo são mais as pequenas alterações do que as mudanças radicais. No fundo não se trata apenas de fisiologia. É também psicologia, procure também se concentrar nos comportamentos, não apenas na refeição e no plano de exercícios.
Neste sentido, resolvi partilhar estas sugestões feita por um grande professor que admiro e que tive a felicidade de ter sido aluno na faculdade de desporto da UP que pode ajudar neste sentido.
- Não é novidade nenhuma, mas tente andar o mais possível a pé. Num estudo recentemente publicado nos EUA foi mostrado que a simples colocação de uma placa em 3 edifícios com a frase “burn calories, not electricity” (“queime calorias, não electricidade) provocou um aumento de mais de 30% em alguns casos na utilização das escadas do prédio;
- Tenha uma garrafa de água sempre perto de si. A água não faz emagrecer, mas actua com “enganador” do estômago. Como em tudo, não exagere. Lembre-se que “a dose faz o veneno”. Beber 1.5l de água por dia é excelente. Mas se não beber 1.5l, beba 1l, mas beba água;
- Faça mesmo um esforço para tomar o pequeno-almoço todos os dias. Evite os croissants, os queques, etc. Coma pão escuro, com uma fatia de queijo fina, ou fiambre, uma peça de fruta e já não é nada mau. Não venha com a desculpa que não tem fome de manhã. Levante-se um pouco mais cedo, tome um duche e vai ver que fica com muito mais vontade de comer;
- Acabe com os refrigerantes. Sabe quantos pacotes de açúcar tem, em média, um refrigerante? Se for em lata, pode ter entre 4 e 5 pacotes de açúcar. Lá se vão os dentes, o peso e a diabetes. Se for fanático, beba só ao fim-de-semana e alterne com uma bebida “Zero”. Não é bom, mas é melhor do que meter 5 pacotes de açúcar à boca diluídos em água;
- Retire a gordura visível da carne. É fácil e poupa uma enorme quantidade de calorias e de gorduras indesejáveis. Lembre-se que 1g de hidratos de carbono correspondem a 4 Kcal e 1g de gorduras, 9 Kcal! Mais do dobro!
- Tente comer alimentos com fibras. São excelentes porque dão uma alta saciedade (“tiram a fome”) e são fantásticos para os intestinos;
- Se fizer exercício, não use bebidas desportivas. São caras e calóricas. São apenas aconselhadas para desportistas;
- Tente nunca ter fome. Para isso, dê pequenas “trinquinhas” numa banana, numa barra de cereais, num pão, numa maça, em qualquer coisa. O fundamental é não chegar à mesa “a morrer de fome”. Esse é que é o problema;
- Se está com muita fome antes do jantar, coma 2 nozes. “Trava a fome”, tem ómega-3 (uma boa gordura), não são tão calóricas como dizem (desde que não coma o saco todo…) e têm fibras;
- Não vá na conversa dos sumos de fruta. São mais pobres, porque perdem algumas qualidades, são muito calóricos – um copo de sumo de laranja pode ter 3 ou 4 laranjas- e vai de um golo só…;
- Esqueça as sandes no centro comercial com pasta de atum ou de frango. Já viu bem a quantidade de “mayonnaise” que têm? Abra e veja! Escolha uma sande com queijo fresco, tomate e orégãos. Bem melhor;
- Não coma sempre os mesmos alimentos todos os dias. Deixe lá a alface ao almoço e ao jantar. Alface não é salada! Varie. Quanto mais cores tiver na salada, melhor;
- Pese-se com regularidade. É uma das características de quem consegue manter o peso sobre controlo. De manhã, vá à balança e veja como está;
- Coma fruta mas não exagere. Um dia tive uma consulta com um senhor que dizia que praticamente só comia fruta: 10-12 peças de fruta por dia! Não exagerem;
- E, finalmente, não ande noite e dia a pensar no peso. Quando lhe apetecer comer um bolo, coma. Não hesite. Se não o fizer, vai pagar com juros. Diga é a si próprio “vou deliciar-me com este bolo, mas agora só para a semana. Mas vai saber-me tão bem…”. E depois de o comer, não se martirize. Tente fazer um pouco mais de exercício para compensar. Desde que não haja razões clínicas severas (diabetes, doenças metabólicas, hipertensão, etc.), não exagere. Passo a passo, com calma.
Autor: Professor José Soares
JAN