Assim como qualquer uma das funções fisiológicas do nosso corpo, há muitos factores inter-relacionados em jogo. Neste sentido a frequência cardíaca (FC) é afectada pelo fluxo sanguíneo, pela capacidade aeróbia e pela quantidade de oxigénio que está sendo transportada pelo sangue circulante. Além disso, a temperatura do meio ambiente, a humidade relativa do ar, o tipo de vestimenta que estiver a usar, o seu estado de saúde e o seu estado de hidratação também afectam sua FC entre outros factores. Ou seja isso quer dizer que a FC por si não reflecte níveis do metabolismo pois muitos outros factores afectam uma FC

Durante o exercício físico, o fluxo sanguíneo aumenta para os músculos que estão em actividade e também para a pele. Para os músculos depende do quão intenso realiza o exercício; e a pele depende da necessidade do corpo de conter uma elevação da temperatura corporal associada ao exercício e ao clima.
O fluxo sanguíneo para qualquer região é determinado pelo débito cardíaco, que é o produto da frequência cardíaca multiplicada pelo volume de sangue que o coração ejecta (volume sistólico) e pela resistência dos vasos que suprem essa região com seu sangue; e a resistência é uma função do local para o qual o organismo quer desviar sangue pela constrição de alguns vasos e a dilatação de outros.

Com tudo podemos observar algumas razões de alteração da FC:

• Alteração do volume sanguíneo, normalmente associado com o grau de hidratação ou desidratação;
• Alteração do sangue disponível para ser enviado aos músculos em actividade, o que depende da qualidade destinada a outras regiões;
• Alteração no nível de aptidão física;
• Alteração da capacidade d sangue de transportar oxigénio, a qual normalmente depende do seu estado nutricional.

Devido às muitas condições que afectam a FC, você deve prestar muita atenção ao que exactamente está a avaliar ao monitorá-la. Considere alguns momentos em que os atletas monitoram sua FC.

FC matinal (em repouso)
Monitorar regularmente, uma FC matinal mais lenta que o normal pode indicar uma melhoria da aptidão física; já um aumento consistente dela ao acordar pode indicar sobretreino, desidratação ou estado nutricional ruim.

FC durante o exercício
Como foi citado anteriormente a FC é influenciada por muitos outros factores e não apenas pela intensidade do exercício físico realizado.
Não é raro que uma FC em actividade fique mais elevada em um ergômetro estacionário especialmente quando este se encontra em locais fechados e de pouca ventilação, do que quando é realizado com a mesma intensidade em locais aberto, quando a maior circulação de ar proporciona um melhor resfriamento corporal.

FC de recuperação
Da mesma forma como acontece na FC matinal (em repouso) os valores de recuperação também estão sujeitos à contaminação por outros factores que não aqueles directamente associados ao bloco de trabalho do qual você está a se recuperar.

No entanto o monitoramento da FC pode ainda sim ser benéfico se você entender é claro as suas limitações e treinar de acordo.

• Alguns atletas não dispõe de percursos medidos ao longo dos quais possam monitorar o ritmo (cadência) do treino e a FC neste caso pode auxiliar a executarem uma série de blocos repetidos de exercícios em intensidades similares.
• Talvez, o maior benefício desse monitoramento seja ajudar a evitar o sobretreino. Quando sessões de treino padrão em condições ideais, produzem valores de FC mais elevados do que os normais, devem ser feitas avaliações adicionais, pois esse costuma ser um indício de que algo vai mal.
• Em geral nas modalidades cíclicas como a corrida o ritmo (cadência) quando pode ser monitorado de maneira adequada, fornece melhor diagnóstico, mas quando não é facilmente monitorado a FC pode ser útil no controle da intensidade.
• A utilização da frequência cardíaca durante o treino pode ser útil, na medida em que é um processo muito simples de controlo de treino, podendo ser medida tanto com a utilização de cardiofrequencímetros, como calculada sem nenhum equipamento especial, através da apalpação de determinados pontos corporais aonde as artérias estão mais próximas à pele, normalmente realizamos essa medição em dois pontos ao lado do pescoço na artéria carótida ou no pulso na artéria radial, este último sendo o ponto mais apropriado. Isso só é possível graças a uma onda de pressão pressão que flui junto com o sangue a cada batimento cardíaco.
• Uma outra alternativa ainda muito utilizada e que não pode ser descartada é a de sentir o seu corpo, usando como base na sua própria percepção de esforço, e assim treinar dentro dos limites que você monitora utilizando um equipamento que está a sua disposição sempre: o computador integrado a sua cabeça.

Prof. Dênis Quadros
Ms. Treino de Alto Rendimento Desportivo