Prof. Dênis Quadros
Ms. Treino de Alto Rendimento Desportivo
Se nunca ninguém o alertou para este detalhe e se você mesmo não reflectiu de uma forma madura sobre o mesmo, poderá estar a correr um risco de exagerar em momentos pouco aconselháveis.
“Este ano ao me posicionar no local de partida destinados aos corredores que se comprometiam em realizar a Maratona de Londres em 3:30 a 3:45, eis que me deparo com um corredor vestindo uma t-shirt do Brasil e fico próximo a pensar em usá-lo como uma lebre durante a prova, mas depois da euforia da partida e no meio daquela multidão perco de vista aquela que seria a minha referência inicial. Só passados 21km é que volto a reencontrar e consigo acompanhá-lo pouco mais de 6km e aos 27km começo a sentir que aquele rapaz ia rápido de mais ao ponto de me fazer reflectir sobre as minhas capacidades e ponderar voltar ao ritmo que me comprometi inicialmente como objectivo, foi neste momento que decidi deixá-lo seguir. Entretanto aos 32km volto a vê-lo, mas neste momento me sentia forte física e psicologicamente e sem grandes dificuldades ultrapasso aquele que servia inicialmente como minha lebre, confesso que até me senti mais forte ainda naquele momento, foi uma sensação bem positiva que sem dúvida fez alguma diferença.”
Moral da história, todos somos mais lento do que alguém.
É verdade que muitas provas são vencidas durante o último sprint até a linha da meta estes corredores que vencem com uma disparada, contudo são em geral aqueles que sabem usar este sprint final quando chega o momento. Em outras palavras, ter uma grande explosão não lhe traz vantagem se não consegues manter a cadência durante a maior parte da prova de fundo.
Se você é destes que pensa “Oh, sou tão lento que não vale a pena”, saiba que até em competições mundiais de 1000 metros, há quem fique para trás. Este facto não desvaloriza em nada os esforços para se tornar mais rápido nem o prazer que poderá tirar do trabalho para lá chegar.
Qualquer atleta que tenha estabelecido objectivos de desempenho e treinado incansavelmente para os atingir respeitará as tentativas dos outros no mesmo sentido. O que conta é o seu esforço, e não a sua rapidez ao esforçar-se.
A dica é manter um ritmo constante e seguro, próximo da velocidade utilizada nos treinos realizados durante a preparação que terá de ser específica, de acordo com a prova objetivo. Portanto não se deixe influenciar pelos outros corredores mais velozes e experientes, principalmente na primeira metade da prova aonde muitos atletas são tomados pela a euforia da largada.
Há poucas experiências mais desagradáveis do que irmos já abaixo do que prevíamos e termos de rastejar no último terço de uma prova.
JUN